terça-feira, 15 de junho de 2010

A Mulher do Anarquista

Diretores: Marie Noelle e Peter Sehr
Duração: 112 min.

Antes de mais nada, devo dizer que inicio este blog a viver uma espécie de vício a cerca de tudo que retrate a Guerra Civil Espanhola. Depois deste post devo fazer pelo menos mais dois de filmes que recentemente assisti e que, de ângulos diversos, retratam esta guerra peculiar pelo seu tempero espanhol. Além disto, devo ressaltar que tenho uma queda enorme pelos filmes espanhóis, a língua me inebria. 

O cenário é a Guerra Civil Espanhola, mas nem por isso é "mais um" dentre os outros do gênero. O grande segredo de contar uma história já contada, é contar por uma perspectiva diferente.

O pano de fundo é a guerra, mas sob os nossos olhos vemos o desenrolar da vida de uma família. Pai, mãe, filha. Justo Calderón, Manuela e Paloma. Justo é anarquista, de luta e de coração. Sua vida é eternamente dividida entre dois amores: a família e a política. Manuela é uma jovem sem aspirações políticas, que vive rodeada de pequenos luxos e vive para sua filha e para o eterno retorno do marido. Paloma é a pequena menina, que vai crescendo durante o filme, de caráter e personalidade fortes, que logo percebemos terem sido herdados do pai.

Não é de estranhar que, muito embora o título nos remeta a Manuela, quem narra a história é Paloma, a qual teve sua infância marcada pela guerra, pelo cair das bombas, pela voz distante do pai na rádio e por uma Espanha devastada. 

O filme se inicia no período anterior à ascensão de Franco, na fase conturbada de luta entre esquerda e direita para se manter no poder político da Espanha. Justo Calderón luta pela liberação da Espanha e pela república, sempre confiando na vitória que acreditava não tardar. O início do filme é marcado pelas idas e vindas dele até sua casa, onde vive uma grande paixão com a esposa, Manuela. A diferença ideológica entre os dois é evidente, mas é lindo observar como ambos se entendem, mesmo nas diferenças. A cena que mais retrata isto creio que seja a que ela, na falta de carvão, usa os livros de Direito de Justo para acender a lareira. Ele não acredita quando vê seu livro queimando na lareira e quase tem um acesso de raiva: "Só os fascistas queimam livros!" Mas não resiste à humanidade simples da mulher, que justifica seus atos no frio que sentia. "Você com suas ideologias, parece que está a perder o senso de humor!"

O filme vai se desenrolando com o transcorrer da História: vitória dos falangistas, início da ditadura de Franco, segunda guerra mundial, período entre guerras. O teor histórico do filme é marcante e retrata de maneira forte a Espanha em plena guerra civil: as perseguições, os conflitos ideológicos. Não obstante a História, também ganha destaque o sofrimento de Manuela, toda sua humanidade exposta, e o esforço de uma criança para compreender todo o universo em que vive, além da formação de sua própria personalidade. Paloma assim vai crescendo, ajudando sua mãe, sempre sob o culto daquele pai distante, que se foi e que tanto faz sua mãe sofrer.

O filme também mostra com exatidão a diversidade ideológica que formava a Frente Popular: anarquistas, comunistas, socialistas e liberais de esquerda. Não é novidade que este fato foi decisivo para o fracasso do movimento, na medida em que não havia consenso dentro do próprio grupo. A cena que retrata a desapropriação da casa do irmão de Justo é forte e traz às claras este heterogeneidade existente,  ao ser a sua mulher assassinada por um membro de uma das facções do movimento, sem ter ela qualquer envolvimento político.  

É interessante de ver também a maleabilidade de Manuela. Inicia como dona de casa, rodeada de mimos e frivolidades, termina como uma mulher mais madura, não obstante sempre romântica e sonhadora, mas que compreende a luta de Justo, acima de tudo. Não que viesse a ter qualquer aspiração política, mas o buscar entender. Por isso que digo que acima de tudo é uma história de amor, belíssima em tempos temerosos. Paloma que o diga.  

2 comentários:

  1. Sempre soube que Oliver era o noivo mais inteligente do mundo =]
    Amo Oliver LOUCAMENTE
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Adoreiiiiiiiiiiiiiii
    Estava com preguiça de comentar...
    Coloca a lingua da mariposa =P
    ;****

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  2. ai, fiquei com vontade de assistir filme até você contar o final né? devia ter dito que tinha spoiler kkkk me empreste vá. quero ver ;***

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