Diretor: Paul Morrison
Duração: 107 min.
Mais um que tem a Espanha como cenário principal, assim como as efervescências políticas e culturais do período pós Primeira Guerra Mundial e vésperas da Guerra Civil Espanhola. Sua origem, entretanto, não é espanhola, e sim inglesa. A língua é um inglês carregado de sotaque, que deixa muito a desejar para a sonoridade do espanhol, diga-se de passagem...
O filme se passa em meados da década de 20, no início do século passado e retrata a revolução cultural pela qual passava a Espanha no período posterior à primeira grande guerra. Além de inspirada nas obras de Freud, que trouxe à tona um aspecto novo da realidade humana, na medida em que revelou os atos humanos como impulsos automáticos e nem sempre provenientes de um encadeamento lógico, tinha forte fundamento na decepção generalizada com o fracasso das ciências, filosofia e religião, que se mostraram incapazes de evitar a onda de destruição que disseminou a primeira grande guerra.
Um ponto interessante do filme é mostrar o encontro de três geniais artistas, o pintor Salvador Dalí, o poeta Garcia Lorca e e o cineasta Luis Buñuel em uma fase pouco conhecida. Tendo completado 18 anos, Salvador Dalí entra na faculdade determinado a se tornar um grande artista. É um misto de timidez e autoconfiança. Exala excentricidade de forma proposital, pois acreditava que era o papel dos artistas ser à frente de toda uma geração, inovar, não ter limites.
Confesso que me surpreendeu a atuação de Robert Pattinson, de forma que em alguns momentos até esqueci que se tratava do mesmo vampiro de Crepúsculo. Achei ele perfeito com a sexualidade pouca definida e com aquela personalidade transtornada e exagerada. Ainda assim, quem rouba a cena é o ator Javier Beltran, que interpreta Garcia Lorca. Ele consegue ser intenso como o personagem que representa e acaba conquistando a simpatia de todos pela sua coragem.
Engraçado que a princípio Garcia Lorca se mostrava mais fechado e introspectivo, pode-se dizer que até um pouco conservador. Já Salvador Dalí que pregava a ausência de limites, mostrou-se muito pouco revolucionário em sua própria vida privada, para não dizer reacionário. A imagem que me passou foi de uma pessoa muito conturbada, principalmente sexualmente, como se guardasse consigo algum trauma não resolvido.
De fato só foi assumir a relação tida com Garcia Lorca já no fim da sua vida, muito embora ao meu ver tenha sido a grande paixão da sua vida. Aquele curto período de tempo em que se entregaram um para o outro, senão de corpo e alma, mas somente de alma, foi belo, inocente e acima de tudo verdadeiro.
O filme mostra os artistas como verdadeiros propulsores do movimento político, crentes em uma Espanha de liberdade de pensamento, liberdade de expressão, liberdade de vida. Eles se reúnem, movimentam as massas, acreditam. A realidade, porém, é deveras cruel. O avanço militar toma espaço na Espanha, e os falangistas caminham rumo ao poder, disseminando-se o terror, a repressão, o medo.
A questão da homossexualidade ganha muito espaço no filme, mostrando de um lado uma sociedade ainda muito preconceituosa, com resquícios religiosos muito fortes, fato que não é de se estranhar em se tratando da Espanha. O próprio Luis Buñuel condenava avidamente os homossexuais e, muito embora eu não saiba nada de concreto sobre sua opção sexual, o que passa na tela é um homossexual que não aceita a si mesmo.
Apesar dos personagens principais serem homens, tem uma mulher em especial que me chamou a atenção por sua personalidade forte e revolucionária. Trata-se de Margarita, a primeira namorada de Lorca, que retrata a realidade das mulheres no início do século passado, principalmente daquelas que usavam a massa encefálica para algo mais que cuidar dos filhos e maridos. Margarita é revolucionária em essência, ela estuda, escreve, luta. Mais uma questão discutida no filme que não pode passar em branco.
Apesar dos personagens principais serem homens, tem uma mulher em especial que me chamou a atenção por sua personalidade forte e revolucionária. Trata-se de Margarita, a primeira namorada de Lorca, que retrata a realidade das mulheres no início do século passado, principalmente daquelas que usavam a massa encefálica para algo mais que cuidar dos filhos e maridos. Margarita é revolucionária em essência, ela estuda, escreve, luta. Mais uma questão discutida no filme que não pode passar em branco.
O desfecho é triste, para quem conhece a história de Garcia Lorca sabe do que estou falando. Acabei apaixonada por ele, procurando nas prateleiras algum livro de sua autoria. Pena não ter achado, mas achei muitas poesias na internet.
No mais, não posso deixar de dizer que o filme só pecou pela língua. Tenho certeza que se fosse espanhol a emoção seria outra. Ouvir as declamações das poesias em inglês não tem praticamente sabor algum.
Rum..algo contra crepúsculo?
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