quarta-feira, 15 de junho de 2011

O Castelo nos Pirineus - Jostein Gaarder



O Castelo dos Pirineus/Jostein Gaarder; tradução Luiz Antônio de Araújo. - São Paulo: Companhia das Letras, 2010. 184 páginas.

Jostein Gaarder é um autor que povoa a minha vida literária de forma intensa. O primeiro livro que li da sua autoria foi "Ei, tem alguém aí?", aos 10 anos de idade. Gostei tanto que fiz a propaganda entre amigas, dei de presente... e esse foi o início de uma paixão. De lá pra cá passei a colecionar seus livros e a esperar ansiosamente por obras novas. Era com deleite que pensava em começar a ler um livro dele, algo como pensar em férias em uma praia paradisíaca. Ocupam a minha estante de livros especiais: "O Mundo de Sofia" (1995), "Maya" (2000), "O Pássaro Raro" (2001), "O Vendedor de Histórias" (2004), "A Garota das Laranjas" (2005), "Ei, tem alguém aí?" (1997), "A Biblioteca Mágica de Bibbi Bokken" (2003), "Através do Espelho" (1998) e "O Dia do Curinga" (1996).

Posso dizer que especialmente "Maya" e "O Dia do Coringa", para não cair no clichê de falar em "O Mundo de Sofia", foram os que mais me marcaram. Posso sentir o cheiro e o paladar de suas leituras.

"O Castelo nos Pirineus" entrou para a lista dos especiais, sem dúvidas. Tinha já alguns anos que não lia nenhum livro de Jostein, de modo que já tinha até esquecido o gosto especial da sua leitura. Ganhei em Janeiro de presente de Toni, incentivado pela minha coleção a conhecer um pouco da sua obra. Leu e me deu, com a seguinte dedicatória: Adorei o livro e espero ler outras obras dele. Mas o lugar deste livro é na sua estante, na sua coleção! Te amo! 12.01.11. Hoje, agradeço publicamente: Obrigada, momor!

O nome do livro, bem como a imagem da sua capa, foram pegos emprestados da obra da artista plástica René Margritte, Le Château des Pyrénées, que apresenta um imenso rochedo pairando na paisagem, tendo em seu topo, um castelo. Tal figura representa exatamente o ponto central da discussão do livro: o improvável.

O livro é composto por e-mails trocados por Solrun e Steinn, antigos namorados que se encontram após 30 anos sem se ver. Cada um seguiu sua vida, casaram e tiveram filhos. Quando se reencontram e passam a se comunicar, tentam entender aquilo que os separou: suas concepções bastante diversas acerca do mundo. Solrun acredita na espiritualidade e na intuição e Steinn na ciência e na razão. O livro é um verdadeiro debate acerca das duas visões de mundo, recheado com episódios fictícios vividos por ambos na juventude.

Claro, a filosofia é o tema central do livro. E não poderia ser diferente. A filosofia e a ciência são os personagens principais de toda a obra de Jostein. O seu livro mais conhecido, "O Mundo de Sofia", o qual, diga-se de passagem, é o mais didático (conta a história da filosofia no mundo), deixa evidente seu animus de escrever. Em entrevista recente, creio que ao site da Companhia das Letras, ele disse que existem dois tipos de escritores: aqueles que escrevem pelo amor à linguagem, e aqueles que escrevem por terem uma mensagem a passar. Ele se auto-enquadrou no segundo grupo. 

É um fato inegável. Em todos os seus livros ele tenta despertar os "por quês" que jazem por detrás da vida e do universo. Como uma discípula fiel às idéias de meu pai, eu amo filosofia, então creio que sempre tive uma pré-disposição nata a gostar da obra de Jostein. O fato dele inserir a filosofia dentro de uma obra ficcional, ambientada em meio às paisagens idílicas da Noruega, tornam a leitura ainda mais saborosa.

Minha coleção.
Além da temática, amo o modo como ele brinca com os personagens e o modo como seus livros se comunicam. Os personagens fogem de um livro a outro, encontram vida em outras histórias e, de certa forma vivem. Será que planejam uma insurgência, assim como planejou Sofia? Quem sabe... O certo é que Jostein, dentro do mundo da sua obra, é o Criador. 

E que se faça a luz! 

4 comentários:

  1. Que bom que gostou minha linda! Vou tentar ler os outros livros dele e aguardamos mais um livro novo também, né? ;*

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  2. Já ví uns novos que não tenho!! Vou providenciar =)) Beijo momomor =*

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  3. Parabéns, Larinha, pela sensibilidade com que leu e escreveu sobre o livro, despertou minha vontade de lê-lo. Parabéns, Toni, pelo criativo presente!Fico feliz de ver que vocês, tão jovens, nutrem o amor pelas letras, tão negligenciadas nesse nosso país...

    Beijos mamy Geninha

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  4. Acabei de ler O castelo nos Pinineus aqui na viagem. Adorei sua indicação, Larinha, obrigada! O livro mexeu muito comigo, pois como Solrun, sou uma pessoa mística, como vc sabe... sinto muita intuição, acredito em telpatia e considero-me esotérica. No entanto, as idéias de Steinn são muito interessantes e, engraçado, o livro agiu em mim como uma terapia, senti-me mais feliz, como se tivesse ocorrido alguma cura em mim e fiquei mais disposta para viver a vida com alegria, aproveitando cada instante, cada minuto intensamente... beijos da mamy Geninha

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